Projeto para inserção de jovens negros em empresas é lançado em Salvador

O Ministério Público do Trabalho (MPT) em parceria com a Cáritas Brasileira e o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) lançaram na tarde dessa quinta-feira (30/05) o projeto Conexão Negra, na sede do bloco afro Ilê Aiyê, no bairro do Curuzu, em Salvador.

A iniciativa tem o objetivo de capacitar 400 jovens negros para inserção e progressão no mercado de trabalho. O projeto está focado nos ramos de advocacia, empresarial, publicidade e estética afro e contará com a parceria de outras empresas para capacitar e futuramente contratar os jovens negros que passarão pelo treinamento.

A procuradora do MPT e coordenadora nacional do projeto, Valdirene Assis, afirmou que a discriminação racial é um dos maiores impasses para a entrada e ascensão do negro nas empresas. Pensando nisso, o Conexão Negra procura enfrentar esses atos discriminatórios através da capacitação. “Com o advento das cotas raciais, o jovem entra nas universidades e sai qualificado, porém não há a inclusão dele no mercado de trabalho. Então o projeto, na prática, tem o propósito de fazer com que esse jovem não só ingresse nas empresas, como também cresça dentro delas”, pontou Valdirene.

O projeto iniciará as aulas do módulo de publicidade no dia 8/06 (sábado) na sede do Ilê Aiyê. As empresas de publicidade parceiras do projeto, além de ministrarem a capacitação, irão receber os currículos dos jovens que farão parte do Conexão Negra para futuramente contratá-los. O objetivo é justamente minimizar um dos entraves que impedem o acesso do negro ao mercado de trabalho, como pontua Jessica Almeida, que trabalha na agência Morya Comunicação e irá participar da iniciativa. “O projeto Conexão Negra consegue levar esse jovem negro para o mercado de trabalho, através da capacitação que ele receberá. No momento que a gente capacita esses jovens, mostra para as agências todo o potencial deles”.

O vice-procurador-chefe de gestão do MPT na Bahia, Marcelo Travassos, falou da importância do projeto na capacitação do jovem negro e destacou a relevância de ter a advocacia como uma das áreas de capacitação desse jovem. “A advocacia também é um setor em que o negro é injustiçado, no momento em que ele não recebe oportunidades de trabalho. Pensando nisso, o projeto irá envolver escritórios de advocacia que estarão próximos do jovem participante dos cursos e, após a capacitação, esse jovem será avaliado, podendo ser contratado por esses escritórios de advocacia”, declarou Travassos.

Ouros estados - O projeto Conexão Negra também será realizado em São Paulo e depois seguirá para outros estados. Ele contará com a parceria da ONU Mulheres, que ministrará um curso na área dos direitos humanos, e do Instituto Ethos, que irá auxiliar o projeto em termos estatísticos para entender qual o maior entrave que dificulta o acesso do negro ao mercado de trabalho.

A falta de ascensão de pessoas negras nas empresas é uma das dificuldades que o projeto tenta encarar. O Conexão Negra busca não só fazer com que o negro seja admitido pelas empresas, como também encontre um ambiente de trabalho saudável e diverso, como pontua a procuradora do MPT Larissa Santana. “Assim, todos ganham: o MPT, o jovem negro e as empresas. Estamos começando com as agências de publicidade, para que essa inclusão do jovem negro nas agências de publicidade se reflita nas campanhas publicitárias.”

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