Procurador defende prevenção como forma de reduzir acidentes de trabalho

“Somente com a adoção de uma cultura de prevenção entre todos os empregadores poderemos reverter os altos índices de acidentes de trabalho e o enorme custo social que eles provocam”.

O alerta foi feito pelo procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) Ilan Fonseca nesta quarta-feira, dia 27 de julho, data em que se comemora o Dia Nacional de Prevenção a acidentes de Trabalho. Os dados mostram uma realizada ainda muito grave, com milhares de acidentes por ano e muitas mortes que poderiam ser evitadas se as normas de saúde e segurança do trabalho fossem respeitadas pelos empregadores.

Segundo estatísticas disponibilizadas no portal SmartLabbr, uma parceria do MPT com a Organização Internacional do Trabalho, entre 2010 e 2021 foram registrados 39.037 acidentes de trabalho na Bahia, que ocupa o oitavo lugar entre os estados brasileiros com maior número de ocorrências. As mortes de trabalhadores em solo baiano em decorrência de acidentes somaram 1.750 casos somente entre 2010 e 2019. E os números apontam forte crescimento, saltando de 1.133 acidentes em 2010 para 6.469 em 2021, um crescimento de 470%.

Para Ilan Fonseca, que atua como coordenador de proteção do meio ambiente de trabalho do MPT na Bahia, a realidade é ainda mais grave do que revelam os números oficiais. “Temos um alto nível de subnotificação de acidentes. Muitas vezes o acidente acontece e a empresa não faz a comunicação de acidente de trabalho (CAT) ou sequer mantém a carteira de trabalho do acidentado assinada”, revela. Dados do INSS estimam que somente no ano passado 114.525 acidentes deixaram de ser comunicados ao órgão em todo o país. E o custo social desses acidentes é gigantesco. De 2012 a 2021, foram gastos R$119 bilhões com afastamentos previdenciários no Brasil, fora os custos sociais.

Este ano, vários acidentes fatais já foram registrados no estado e estão sendo investigados pelo MPT. Este mês, morreram dois operários numa obra pública em Arraial d’Ajuda, Porto Seguro, além de um homem que morreu ao sofrer uma queda na zona rural de Barreiras, região oeste, onde o MPT também investiga a morte de quatro crianças, caracterizada como acidente de trabalho por ter ocorrido dentro de uma área que passava por uma reforma e não estava corretamente isolada e sinalizada. Na mesma região, em São Desidério, em março, um operário morreu ao cair numa barragem com a pulverizadora que conduzia. Houve ainda o acidente fatal na Fiol, no povoado de Almas, no mesmo município, em abril. Outro caso envolveu a morte de um eletricista em Camaçari, dia 19 de maio.

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