Reintegração de rodoviários demitidos em Feira depende de decisão judicial

O Ministério Público do Trabalho (MPT) na Bahia aguarda a decisão da 6ª Vara do Trabalho de Feira de Santana em relação ao pedido de reintegração imediata dos 293 rodoviários demitidos irregularmente pelas duas empresas responsáveis pelo transporte público do município de Feira de Santana.

O órgão ajuizou ação civil pública na semana passada mostrando que a dispensa em massa foi feita sem negociação prévia, sem comunicação ao sindicato, atingindo empregados que estão em situação de estabilidade e descumprindo acordo de manutenção dos empregos firmado há pouco mais de um mês.

A procuradora do trabalho Annelise Leal, autora da ação, assinada junto com o procurador Ilan Fonseca, avalia as demissões dos 293 rodoviários de Feira de Santana como nulas e abusivas. Para ela, “toda demissão em massa deve ser precedida de uma negociação coletiva. É necessário que as partes dialoguem e busquem outras soluções que não seja a demissão”. Agora, ela espera uma decisão favorável da Justiça para a reintegração imediata e a retomada das negociações entre Sindicato dos Rodoviários, prefeitura de Feira de Santana e as empresas Rosa e São João.

Segundo a procuradora do trabalho, a redução de jornada e de salários com a garantia da manutenção dos empregos, prevista na MP 936 do Governo Federal, foi acordada pelas empresas com os empregados em acordo assindo dia 13 de abril. “Era necessário que se aguardasse minimamente o prazo da implementação dessas medidas previstas no programa do Governo Federal e essas empresas se negaram a aguardar esse prazo, além de não terem dado nenhuma alternativa a essas demissões”, pontua.

As duas empresas romperam acordo firmado com o Sindicato dos Rodoviários e anunciaram a dispensa em massa de 293 empregados no último dia 5, sem comunicação ou negociação prévia à entidade. No dia 13 de abril, um acordo fechado entre empregadores e empregados permitiu a suspensão de contratos e a redução da jornada e da remuneração mediante a garantia da manutenção dos postos de trabalho. Ainda assim, a Rosa e a São João fizeram a dispensa em massa.

A prefeitura chegou a acenar com a possibilidade de antecipação de créditos e outras medidas para atenuar os impactos econômicos da redução drástica do número de passageiros registrada desde o início das medidas de prevenção à pandemia. Mas as duas empresas se negaram a negociar uma suspensão das dispensas enquanto esses créditos eram providenciados.

ACP 0000303-47.2020.5.05.0196

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